Maio Amarelo 2025: impacto letal do excesso de velocidade nas vias brasileiras motiva campanha
Com base em dados alarmantes e casos recentes, engenheiro de transportes e especialista do Mova-se Fórum de Mobilidade, Matheus Duarte, destaca a urgência de medidas estruturais para conter a imprudência no trânsito
Dados do Anuário Estatístico da Polícia Rodoviária Federal (PRF) apontam que o Brasil ultraou a marca de 6,5 milhões de infrações de trânsito registradas nas rodovias federais em 2024, das quais, sozinho, o excesso de velocidade responde por quase 90% das autuações. O cenário reforça que comportamentos arriscados ao volante seguem sendo uma constante nas rodovias brasileiras. E, para o engenheiro de transportes e especialista do Mova-se Fórum de Mobilidade, Matheus Duarte, o excesso de velocidade é um dos fatores diretamente ligado ao aumento de sinistros, já que pelo quarto ano consecutivo, o país registrou um aumento no número de mortes e de sinistros.
Imagem: divulgação internet
Nesse contexto, a campanha Maio Amarelo – movimento internacional de conscientização para redução de sinistros de trânsito – adota, em 2025, o tema “Desacelere: Seu bem maior é a vida”, no intuito de alertar para a gravidade do excesso de velocidade nas vias. De acordo com a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), um aumento de apenas 1% na velocidade média de um veículo pode resultar em um aumento de 4% no risco de colisões fatais. “O dado, no entanto, é distorcido pela experiência pessoal ou pela confiança em habilidades individuais, o que leva os condutores a assumirem riscos injustificáveis, a partir de uma escolha consciente”, afirma o especialista.
Segundo Matheus, o alerta é urgente porque não é difícil correlacionar a liderança das autuações por excesso de velocidade e a gravidade dos acidentes registrados no Brasil e no mundo. Ele lembra que a OPAS – agência internacional que é ligada à Organização Mundial da Saúde (OMS) – atribui à velocidade excessiva cerca de um terço de todas as mortes que ocorrem no trânsito em países de alta renda e metade delas em países de baixa e média renda. Por essa razão, destaca que campanhas educativas, como o Maio Amarelo, precisam repensar o foco exclusivo na responsabilidade individual. “A psicologia social mostra que, muitas vezes, o medo da reprovação coletiva é mais eficaz do que alertas baseados apenas no risco pessoal”, avalia.
Soluções
Para melhorar a segurança viária no Brasil e reduzir os números críticos de sinistros letais, bem como as autuações por velocidade excessiva, Matheus Duarte sugere a adoção de estratégias como a política Visão Zero, que foi implementada com sucesso na Suécia, a partir de uma mudança de paradigma de não apenas evitar todos os acidentes, mas garantir que nenhum deles resultasse em morte ou ferimentos graves. “A segurança no trânsito, nesse modelo, a a ser um dever compartilhado entre usuários, planejadores e gestores públicos”, explica.
Outra estratégia essencial apontada pelo especialista é o envolvimento da sociedade nas ações, iniciativas e nas políticas públicas. “A participação direta na discussão sobre segurança viária tem se mostrado uma ferramenta poderosa para sensibilizar tanto os gestores públicos quanto a população em geral. Além disso, promove o sentimento de pertencimento no processo de decisão e maior respeito às intervenções implementadas. Criar zonas escolares seguras, faixas de pedestres bem-sinalizadas e ciclovias, além de pedestralizar ruas e implementar áreas com velocidade reduzida são medidas concretas que salvam vidas”, pontua.
Matheus observa ainda que os indicadores de avaliação de campanhas como o Maio Amarelo devem ir além da simples contagem de acidentes. “É preciso monitorar o número de mortes e lesões graves por excesso de velocidade, o volume de infrações registradas, a percepção pública sobre segurança viária e a quantidade de intervenções estruturais efetivadas, como a readequação de vias e a instalação de fiscalizações em pontos críticos”, analisa. E conclui: “Acima de tudo, o sucesso da campanha não pode ser medido apenas pela mobilização pontual ao longo do mês de maio, mas sim, pela sua capacidade de gerar uma transformação estrutural e cultural no trânsito brasileiro”.
Sobre o Mova-se Fórum Nacional de Mobilidade
O Mova-se Fórum Nacional de Mobilidade foi criado em 2021 por especialistas em mobilidade urbana de diversas áreas, com o intuito de discutir e contribuir com soluções para a mobilidade do Brasil. O grupo, que começou com quatro integrantes e hoje conta com mais de 600 profissionais – entre técnicos, pesquisadores e professores do segmento no país –, tornou-se destaque em pesquisas e desenvolvimento de conhecimento sobre transporte público, pedestres, vias inteligentes e temas relacionados.
Por Mariana Rodrigues
- Casais apostam em destinos em meio à natureza do Cerrado
- ANVISA aprova tirzepatida para o tratamento da obesidade: entenda o perfil terapêutico, critérios de prescrição e precauções clínicas
- Fica 2025 terá prêmio inédito para o cinema goiano
- Gasolina e etanol: postos mantêm preço alto do combustível e são notificados pelo Procon Goiânia
- Palestra gratuita sobre combate à violência de gênero acontece em Goiânia